quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Voltar ao passado...


O senso comum diz que devemos sempre olhar para frente, seguir em frente... li até uma vez no Facebook uma frase que dizia “andar pra trás, nem pra dar impulso”.
Essa questão, como a maioria das questões humanas, entram no crivo da relatividade. Existem situações em que realmente devemos seguir em frente e deixar o passado para trás, somente conservando as boas memórias. Mas, também existem outras questões em que voltar ao passado se faz uma necessidade, por vezes até provocando impulsos quase irresistíveis a este retorno.
É neste momento em que eu estou. Num momento de retorno, de viagem ao passado. Mas não igual ao passado que já passou. A situação é praticamente igual, mas os personagens com os quais irei me defrontar são diferentes, são outras pessoas, mas com disposições parecidas, e, em muitos, idênticas às pessoas dessa parte do meu passado a que estou retornando.
Eu também não sou mais o mesmo. Não agirei igual àquele outro tempo, mas, com certeza, ainda assim terei algumas atitudes, no mínimo, parecidas (ou talvez iguais). Porém, isso, acredito eu, será a menor parte do todo. No geral, estou diferente, penso diferente e, consequentemente, agirei diferente, pelo menos é o que enxergo nitidamente.
Tenho que voltar e enfrentar essa parte do meu passado, pois este “passado” se faz muito presente na minha vida, quer eu queira ou não. Além de dificultar planos para o futuro. Mas com isso não me preocupo muito, sou mais focado em viver o presente, por isso mesmo desatar o nó deste passado/presente se faz necessário.
Estarei de início com escudo e espada nas mãos. Acredito que não demorarei muito para baixar a espada, mas o escudo levará um pouco mais de tempo. Confiança quebrada não se conserta fácil. E, por vezes, é tão difícil, que chega a beirar o impossível.

Vou-me em frente a este retorno.
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segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

Ter que trabalhar é bom?


Reclamar do trabalho é hábito corriqueiro, principalmente quando começa a anoitecer nos dias de domingo. Acabou o fim de semana e no dia seguinte é dia de voltar ao trabalho.
Os exemplos de pessoas que têm prazer com trabalho são bem poucos, quase raros, pelo menos com as pessoas com as quais eu convivo. E realmente existem trabalhos que são massacrantes, e que torna a sexta-feira um dia de libertação. E o que dizer daqueles que ainda trabalham nos finais de semana? E dos que dificilmente conseguem tirar férias?
No meu último domingo, eu estava com um grupo de amigos que no final do dia já proferiam as habituais queixas de véspera de segunda-feira. E eu, acreditem, senti inveja disso... pois estou há quase 6 meses desempregado.
Percebi então que ter um trabalho (emprego, ocupação) não é apenas uma questão de ter salário (dinheiro) para pagar as contas e outras coisas mais. Óbvio que este é o motivo principal, para a maioria esmagadora que você perguntar por que trabalham, irão te responder: “trabalho porque preciso!”
Mas pra mim, hoje o trabalho é uma questão de identidade, uma referência de vida. Todos dizendo que vão trabalhar no dia seguinte, ainda que alguns reclamassem, e eu... nada.
Queria ter um trabalho me esperando no dia seguinte (segunda-feira), nem que fosse falando mal dele. Quero um emprego/ocupação não só pelo salário, mas para voltar a ter o direito de falar mal do meu trabalho como quase todo mundo. Muito provavelmente isso não acontecerá, pois estando há tanto tempo desempregado, acredito que não terei nem vontade de falar mal do trabalho, e sim, estarei agradecido por tê-lo de volta. A não ser que seja um negócio muito miserável... mas, essa parte pula.

Martin Luther King Jr. disse em seu famoso discurso contra a segregação racial: “Eu tenho um sonho que minhas quatro pequenas crianças vão um dia viver em uma nação onde elas não serão julgadas pela cor da pele, mas pelo conteúdo de seu caráter.”

Eu também tenho um sonho. Um sonho de um mundo onde o trabalho honesto e bem pago não faltará pra ninguém. E que também o ato de trabalhar não será algo massacrante. Não digo necessariamente prazeroso, pois prazer nós temos estando com a família, amigos e todas as pessoas que nos são queridas e os trabalhos ásperos no nosso mundo é algo que se faz necessário. Mas que o trabalho nos dê, além de um bom pagamento, alguma satisfação íntima, para que o ato de trabalhar não seja essa coisa que às vezes se torna quase sombria. E que a segunda-feira não seja mais esse dia detestável, e sim, mais um começo de algo importante nas nossas vidas.

“Quando o trabalhador converte o trabalho em alegria, o trabalho se transforma na alegria do trabalhador.” – (André Luiz/Chico Xavier)

Bom trabalho a todos!
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