Sou uma pessoa difícil de relacionar-se. Algumas pessoas
mais próximas a mim discordam. Mas quem sabe mais de mim sou eu. Sou difícil
sim, chegando por vezes a ser intransigente.
Para alguém realmente se relacionar comigo, e me refiro à
relação direta e ostensiva (amizade verdadeira, namoro, parceria), não basta
apenas gostar de mim. Tem que gostar também do que eu gosto. E mais ainda...
tem que gostar de quem eu gosto.
Essa intransigência vem do fato de eu não saber administrar
conflitos. Quando entro em algum conflito, somente acontecem três coisas: eu me
machucar, eu machucar os outros ou as duas coisas ao mesmo tempo. E isso é um
monte de merda que eu prefiro evitar. Essa coisa de que os conflitos nos
amadurece, fortalece e etc, pra mim é uma grande balela. PRA MIM, falo de mim. Cada
cabeça tem seu universo e seus caminhos diferentes.
Não sei porque sou como sou e hoje já não quero mais saber,
pois isso já gera um conflito mental muito grande. Simplesmente vou levando a
vida nesse meu individualismo funcional e conveniente. Não vejo a palavra ‘conveniência’
mais como um palavrão, como eu via à um tempo atrás, pois já percebi que todos
nós temos as nossas conveniências. Pra mim, isso é fato!
Uma pessoa próxima a mim, antagonista frontal desse meu
jeito de ser, me disse: “Você vai morrer velho e sozinho.”
Na hora não respondi nada. Depois de um tempo, eu pensei: “Primeiro,
que bom se eu morrer velho, pois assim terei tido uma vida longa e espero que
saudável. Segundo, tenho medo da doença, do sofrimento e da morte, mas da solidão
não.”
A solidão pode ser algo desagradável, triste... admito. Mas,
tenho mais medo de companhias incômodas do que de ficar só.
E é na solidão que a gente ouve a voz da própria consciência.
Mas disso eu não tenho mais medo, pelo menos por enquanto...
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